domingo, 20 de março de 2011

O Sheikh Americano Hamza Yusuf: De Ortodoxo a pregador do Islamismo

 Esta materia foi originalmente publicada pelo Centro de Divulgação do Islam para a América Latina, lhes dou os parabéns pela bela iniciativa de escrever sobre um dos maiores sábios muçulmanos da atualidade
 por Sheikh Esadik Elotmani
Com a graça de Deus, estou a quatro anos participando das palestras religiosas “Adourous Alhassaniya”, proferidas durante o mês sagrado do Ramadã, na presença e sob a presidência de “Amir Al-Mouminine” sua Majestade  o Rei Mohammed VI, que Deus o proteja, e na presença também, de um seleto grupo de sábios, xeiques, pregadores, recitadores do Alcorão e renomadas personalidades do mundo da cultura e do pensamento, vindos de dentro e de fora do Marrocos.
Através dessas palestras tive a oportunidades de conhecer inúmeros sábios religiosos, entre eles o digno pregador americano Hamza Yusuf, que adotou este nome em substituição ao seu nome de batismo “Mark Hatssen”, por motivo de sua conversão ao Islamismo.
Antes de conhecer a história de sua conversão ao Islamismo, imaginava que fosse marroquino ou tunisiano, por dominar perfeitamente o idioma árabe clássico, falá-lo fluentemente e ter a pronúncia sem nenhum sotaque estrangeiro. O Sheik Hamza é conhecido pela capacidade de memorizar poemas clássicos antigos, em especial, os famosos poemas que foram expostos ao público nos mercados da sociedade árabe anterior ao Islamismo. No âmbito das palestras do mês sagrado do Ramadã denominadas “A Dourous Alhasaniya”, o Sheik Hamza teve a honra de ministrar diante de sua Majestade o Rei Mohammed VI, palestra religiosa intitulada: “A importância da exemplar conduta religiosa para a nação islâmica”, com base na palavra de Deus do sagrado Alcorão: “Ele foi quem escolheu, entre os iletrados, um mensageiro de sua estirpe, para ditar-lhes os seus versículos, consagrá-los e ensinar-lhes o Livro e a sabedoria, porque antes estavam em evidente erro”.
Ao relembrar que o Reino do Marrocos revelou ao longo de sua história gloriosos professores de alma purificada e conduta religiosa exemplar, o Sheik ressaltou em sua palestra que a orientação religiosa se dá por meio de duas ações principais: Purificar a alma de doenças e da má conduta, e alimentá-la de moral e ética.
O pregador americano Hamza Yusuf, quando acompanhado a uma mesa de jantar ou tomando chá marroquino com hortelã, em um dos salões da Avenida Mohammed V, em Rabat, costuma debater e abordar assuntos proveitosos. São os seus momentos preferidos para elucidar antigas teorias filosóficas de grande benefício para a humanidade ou explicar o significado e a origem de alguma palavra em árabe. Também são para ele momentos de rebater, com provas conclusivas, argumentos usados pelas pessoas que pregam o ódio e o extremismo, e contestar suas abordagens inúteis para compreender os propósitos da religião. Às vezes procura agradar as pessoas que o acompanham, cantarolando músicas americanas que estimulam o amor, a esperança, a coexistência e a paz. Em resumo, o Sheik procura deixar boa impressão na pessoa que o acompanha e por isto, sua pregação faz uso de elementos extraordinários como a espiritualidade do místico, racionalidade do pensador, sabedoria do filosofo, firmeza do “faqih”, paciência de profetas, coragem de líderes, amor e carinho de mãe... Ama e respeita todas as pessoas de diferentes religiões, doutrinas e raças. Ele é o exemplo do pregador moderno que a mídia americana e a britânica o descrevem como ”a estrela da nova geração muçulmana”. Em poucas palavras, o Sheik Hamza Yusuf é o exemplo do pregador moderado, que mostrou ter profunda consciência do seu papel e de seu tempo como muçulmano, que procura levar para a humanidade a mensagem de paz, amor, misericórdia e bondade, inspirado na divina regra corânica: (Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Deus, é o mais temente. Sabei que Deus é sapientíssimo e está bem inteirado. (Al-Hujuraat). Segundo a palavra do Profeta Muhammad, que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele, “o verdadeiro muçulmano é aquele que não calunia e nem faz mal às pessoas”.
Nascido em 1960, em Washington, o Sheik Hamza Yusuf é oriundo de uma família culta. Seu pai é um professor na área das humanas da Universidade "Harvard", sua mãe é graduada da tradicional universidade de "Berkeley", já o seu avô foi prefeito de uma cidade da Califórnia, onde o Sheik foi educado e cresceu numa família de gregos ortodoxos. Estudou filosofia na universidade e criou vínculos de amizade com estudantes do “Maghreb Árabe” e do Oriente Médio. Passou também, a frequentar grupos de negros americanos muçulmanos e se deixou influenciar por suas idéias, que o motivaram a realizar pesquisas teológicas, com o intuito de ampliar seus conhecimentos sobre a religião islâmica.
Um grave acidente de transito que o pregador Hamza Yusuf sofreu, e que quase o levou à morte, serviu de incentivo para se abrir às religiões monoteístas e mergulhar na busca da verdade e dos segredos da vida e da morte. Neste contexto, foi muito atraído pela leitura do Alcorão e, no final desta ávida persistência atrás da verdade e do criador deste mundo, acabou se convertendo ao Islamismo, em 1977, aos 17 anos de idade. Em seguida, largou os estudos universitários e viajou ao Oriente em expedição cientifica que durou dez anos. Ao longo desse período, estudou teologia no Instituto Islâmico da cidade “Al-Ain” nos Emirados Árabes Unidos, tendo sido aluno de renomados professores como o Presidente do Supremo Tribunal em Abu-Dhabi e o Sheik Mohammed Ahmad Shibani, “Mufti” dos Emirados Árabes Unidos (doutrinador). Concluiu o curso de “Achariah Islâmica” (legislação islâmica) na Arábia Saudita, sob a orientação do Sheik Mahmoud Mokhtar Shanquiti, Decano da Faculdade de Teologia da Universidade Islâmica na Medina.  Estudou língua árabe, poesia e gramática no Marrocos. Levou uma vida de Sufista com alguns sábios mauritanos, que o influenciaram quando ainda aluno do renomado sábio Sheik Abdollah Ben Bihto, também se deixou influenciar pelas pesquisas e publicações do Ministro marroquino de “Habous” e dos Assuntos Islâmicos, Ahmed Toufiq, sobre o “Sufismo Sunita”.
No início de 1990, o Sheik Hamza Yusuf começou a ensinar nas comunidades islâmicas, e em 1996, criou o “Instituto Zeitouna”, na Califórnia, no qual passou a ministrar palestras. Hoje, Yusuf é um dos grandes estudiosos e pregadores do Sufismo no mundo ocidental, de credo sunita, abordagem moderada, rito “Malekita” e método Sufista.  Sua campanha em prol da convivência pacifica entre as pessoas incomodava muitos pregadores do “Jihad” e da blasfêmia, resultando em manobras que desqualificavam seu trabalho, sendo acusado de desviar da verdadeira orientação do Profeta, que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele,  e da conduta dos primeiros muçulmanos. Por este motivo, o Sheik Yusuf entende que o principal obstáculo à pregação do Islã no mundo ocidental são os próprios muçulmanos, em razão de suas atitudes. A este respeito, declarou: ”na verdade, aqueles que imigraram para América e Europa com seus problemas lotam as mesquitas, e os novos muçulmanos estão muitos aborrecidos com essas contradições”. Neste sentido, o pregador acrescentou: “no Ocidente temos idiotas afirmando que os muçulmanos são demônios, como temos também entre os muçulmanos idiotas que afirmam que o Ocidente é o diabo....Sinto muito, somos todos seres humanos do bem e do mal, existem pessoas boas no Ocidente, e há pessoas boas no mundo muçulmano .. Como explicar a atitude de um milhão de manifestantes Ingleses  saindo na rua para protestar contra o bombardeio de alguns países muçulmanos!!!... Você pode dizer que estes são cristãos, mas nem por isso se justifica bombardear suas casas!!!...”
Apesar de adotar um discurso renovado e moderno, o Sheik Yusuf entende que as quatro correntes do islamismo são importantes e “todo muçulmano deve ser adepto de uma delas”. Ele critica aqueles que as ignoram e diz: “Incentivam as pessoas a ignorar as quatro doutrinas e a extrair conclusões diretamente do Alcorão, embora sejam incapazes de entender as regras gramaticais...”.
Há de se ressaltar que o Sheik Hamza Yusuf é o autor de muitos livros como: a Lei do “Jihad”, Educação de crianças na era moderna, Uma agenda para mudarmos nossa realidade. O Sheik também, apresenta programas no canal de televisão MBC.

sábado, 19 de março de 2011

O Alcorão e a Contemplação


O Alcorão e a Contemplação

Por: Shaykh Osman Nuri Topbaş


"Se o Alcorão não nos tivesse aberto as portas para a contemplação, teríamos sido privados de muitas realidades, percepções e benefícios." Osman Nuri Topbaş
Perfeição é um atributo divino de Allah que é manifestado neste mundo de três formas: Na Humanidade, no sagrado Alcorão e no universo.
O homem foi criado com todos os atributos divinos, que são a base para a essência de toda a criação. A mesma manifestação dos nomes ainda é visto de uma forma diferente: as palavras do Alcorão. Comparado ao homem, o Alcorão é a manifestação mais elaborada, mas devido a unidade existente entre eles, é dito:
“A Humanidade e o Alcorão são uma dualidade...”
O terceiro local onde as manifestações dos Divinos Nomes ocorrem é no universo.  Que é uma espécie de interpretação do Alcorão. O universo é um Alcorão silencio e o Alcorão é um universo repleto de palavras. Dentro destes raios sonoros e silêncios do Alcorão, o ser humano é em sua essência uma criatura da Perfeição. Como resultado, a humanidade, o Alcorão e o universo são uma trina manifetação do Deus Unico. Como os céus marca o reinado de poder para as estrelas, até o dia do julgamento, assim no Alcorão,  a prosperidade e o futuro dos seres humanos vai brilhar no céu de "versos" e viver até o dia do julgamento. A artir desta perspectiva, o mais afortunado e propero é aquele que se reuni sob a sombra do Alcorão recebendo seus beneficios.
Os segredos sobre toda a verdade e misterios esta oculto no Alcorão e toda a alegria se torna aparente com a fé. Allah o Todo-Poderoso pode esconder um grão de areia do mar, ou um oceano de areia, ou pode fazê-los visiveis a ambos.
Mawlana Rumi relatou aos seguidores mostrando-lhes esta realidade:
“ Uma vez tive a aspiração em ver a Luz de Deus no Homem. Era como se eu quisesse ver o mar em uma unica gota ou o sol em um unico raio.”
O principal meio para o filho do homem de atingir seus verdadeiros desejos e aspirações é a contemplação da verdade. A única maneira de alcançar a essência da verdade é através da contemplação e curiosidade.
Através da contemplação do coração, efeitos sutis do mundo e seus mistérios são manifestados. As exceções são para aqueles que vivem suas vidas em violação do imperativo do Divino Criador, perdendo suas vidas sem saber o verdadeiro valor de qualquer um dos seus desejos ou de si mesmo, incapaz de alcançar a riqueza espiritual necessária para a prosperidade eterna, eles vivem em um abismo de frustração.
Os seres humanos devem viver suas vidas com honra e dignidade, com realizações e contemplação das conseqüências da morte. A morte, que nos rodeia como um anel de chamas que vai esmagar-nos, sem dúvida. Quando o futuro torna-se uma inescapável realidade, a contemplação, torna-se clara para o homem, é a coisa mais valiosa da qual ele se ocupa. Com isso em mente, se o filho do homem familiariza-se com o segredo do universo, do Divino e da sabedoria, para ele encontrar o verdadeiro caminho da contemplação, é preciso de orientação do Alcorão.
Se fosse possível ao homem agir, viver e perceber sozinho, apenas através da contemplação, não haveria necessidade de um Alcorão, e Deus o Todo-Poderoso, então não teria enviado mensageiros ou Escritura.
Ou seja, a natureza do homem exigiu uma orientação Divina para exercitar suas faculdades criadas para instrução e contemplação.
Sem o Alcorão sempre será possível ao homem chegar ao conhecimento de determinados atributos de Deus, tais como singularidade[1] ou auto-suficiência[2]?
O Alcorão orienta-nos para a senda reta, com avisos e, a partir deste oceano de verdades nos beneficia da melhor maneira possível, com a contemplação e a paixão.
Se o Alcorão não nos tivesse aberto as portas para a contemplação, teríamos sido privados de muitas realidades, percepções e benefícios. Considerando isso, é preciso gastar todas as nossas energias intelectuais na busca de entender o conteúdo infinito do Alcorão, é claro, isto deve ser realizado dentro de limites específicos. Os versos do Alcorão, como um sistema vivo, são uma fonte inesgotável de conhecimento.
O Alcorão tem muitas advertências, juntamente com as orientações e escopos, para a humanidade sobre como devemos conduzir a nossa contemplação e investigação. Devemos, em todos os sentidos, compreender e reconhecer que a cada ser humano tem sido dada a inteligência para avaliação, e a verdade do Alcorão é de tal grandeza que se render a sua sabedoria é absolutamente necessário para todos.
Quando uma pessoa percebe sua incapacidade de compreender adequadamente qualquer comentário do Alcorão devem dizer "Deus sabe melhor ..." temos de acreditar que a verdade real é conhecido somente por Deus, o Todo-Poderoso.
Talvez não haja diferença significativa entre as características da água da torneira nas nossas casas e água do mar, não há, no entanto, uma diferença significativa entre as quantidades de agua das duas? Se uma pessoa cega desde o nascimento, tivesse sido descrito a ele certa cor, as palavras que ele iria usar dariam talvez uma boa impressão para ele, mas quão longe iria a impressão em sua mente a partir da realidade da cor da sua existência real? Isto é imensurável.
Temos de olhar para as palavras do Alcorão com a mesma lógica, e estando sempre ciente de nossa inaptidão e incapacidade para compreender plenamente o significado contido no Alcorão, o que deve nos impedir de afirmar que a nossa própria interpretação é perfeita ou exata.
O Alcorão é um guia único de fé e prosperidade, o qual contém muitos versos em que somos convidados a contemplar a sabedoria por trás da criação do homem. A natureza milagrosa do universo em muitos versículos nos mostram que o Alcorão é uma declaração desses milagres. Aqueles que optam por viver de acordo com a dignidade da humanidade deve seguir as orientações da contemplação indicadas no Alcorão.
As pessoas conscientes que contempla os eventos do universo devem procurar as respostas para estas perguntas:
O que é o universo? Por que fui criado? Qual é a verdade da mortalidade e da sua essência? Qual é o caminho para a prosperidade? Quem sou eu? Como devo viver? Como devo pensar? Quais são os preparativos que devo fazer para a minha saída do mundo mortal?
Embora o universo como um todo, não é perturbado pelo poder do homem e dos seus cálculos, existe uma maneira que o homem, como a maior criação e inteligência, poderia agir de acordo com o Alcorão e ainda ser derrotado por seu desejo e pelos desejos?
Deus disse no Alcorão:
“Pensais, porventura, que vos criamos por diversão e que jamais retornareis a Nós (para prestares contas)?” (Al Mu’minûn, 23:115)
“Pensa,acaso, o homem, que será deixado sem controle (sem propósito)?” ( Al Quiáma, 75:35)
A infância de uma pessoa termina na puberdade. Para os crentes que despenderem esforços para aperfeiçoar a sua fé, a puberdade marca o início de um novo período de responsabilidade. Durante este período são necessários a contemplação da maturidade, da mente, do coração, dos divinos segredos do universo, da sabedoria sagrada e a verdadeira consciência é apenas aparentes para as almas com a verdadeira fé. Como é afirmado no seguinte versículo do Alcorão:
“Porém, não reparam, acaso, no firmamento que está acima deles? Como o construímos e o adornamos, sem abertura aparente? – E dilatamos a terra, fixando nela (firmes) montanhas, produzindo ai toda a formosa espécie em pares, – Para a observação e recordação de todo o servo contrito. (Caf, 50:6-8)
Nós experimentamos o nascer e o pôr do sol, o surgimento de estrelas na noite e seu desaparecimento com a luz natural, a lua cheia e a lua crescente, o universo repleto de seus ornamentos magníficos e bênçãos inumeráveis ​​além destas. Algumas pessoas desperdiçam suas vidas neste mundo na cegueira e ingratidão por essas bênçãos, sem considerar a sabedoria destas criações ou a sabedoria de seu Criador. Aqui esta um aviso assustador para essas pessoas:
“E não foi em vão que criamos os céus e a Terra, e tudo quanto existe entre ambos!” (Sâd, 38:27)
“E não criamos os céus e a terra e tudo quanto existe entre ambos para Nos distrairmos. – Não os criamos senão como prudência; porém, a maioria o ignora.” (Ad Dukhan, 44:38-39)
O mundo celestial é uma notável exibição de sinais majestosos. Toda a alma de fé que, conscientemente, a vida nesta morada da beleza, ele que sensibiliza-se frente as calamidades do mundo e as catástrofes irá obter prazer espiritual. Nós lemos no Alcorão:
“Não reparas, acaso, em que Allah faz descer a água do céu e a transforma em fontes, na terra? Logo produz, com ela, plantas multicores; logo amadurecem e, às vezes, amarelam; depois converte (as plantas) em feno. Por certo que nisto há uma mensagem para os sensatos.” (Az Zúmar, 39:21)
“Na criação dos céus e da terra; na alteração do dia e da noite; nos navios que singram o mar para o beneficio do homem; na água que Allah enviou do céu, com a qual vivifica a terra, depois de haver sido árida e onde disseminou toda a espécie animal; na mudança dos ventos; nas nuvens submetidas entre o céu e a terra, (nisso tudo) há sinais para os sensatos.” (Al Bacára, 2:164)
Efetivamente, para quem vê a verdade, o amor da luz divina do paraíso e a paixão irrompendo como esmeraldas na terra. Os céus e a terra são como um anel, em torno do afeto que ele contempla profundamente, atento ao chamado aparente e espiritual, conciliando a evolução do amor pelo divino e o ato de viver em perfeição espiritual.
Deus o Altíssimo revelou:
“Ele foi quem dilatou a terra, na qual dispôs sólidas montanhas e rios, assim como estabeleceu dois gêneros de todos os frutos. É Ele Quem faz o dia suceder a noite. Nisto há sinais para aqueles que refletem.” (Ar Rád, 13:3)
Aqueles que encontram prazer na devoção a Deus, e que seguem o caminho de Seu mensageiro, une-se a um elo de afeição que é a linha de frente da fé. Fé (Imân) é um sentimento celestial da Luz Divina na alma e do fluxo do divino afeto alojado no coração.
Aqueles que observam o universo com um coração iluminado vão atingir uma sensação de como que os céus fossem um lustre de cristal brilhante piscando com os segredos Divinos. Todas as arvores sobre a terra se espalharam com seus ramos e folhas a tremerem em alegre suplica ao Criador. A grama será como os companheiros do mensageiro de Deus e as folhas acima serão a alegre comunidade (ummah). As nuvens serão como uma fonte flutuante de prosperidade que circulam o céu como um oceano. O vento será como um mensageiro de inspiração Divina a aliviar o medo com centelhas de esperança.  Trovões e seus raios de reinado e comandos de destruição e ataque avisando a cegueira.
Em breve o universo se manifestara como um silencio sedutor cheio de versos do Alcorão , o livro dos mistérios, os nomes divinos manifestados em verbos. O Alcorão e o universo cheios de palavras. A humanidade é o foco de conhecimento e a manifestação do cruzamento entre ambos.
Sayyidina Aisha relatou sobre a compassiva alma do Profeta:
Certa noite, o Profeta disse-me: 'Ó Aisha, se você me der permissão, gostaria de passar a noite em adoração ao Todo-Poderoso." Eu respondi: ' Por Deus eu amo estar com você, no entanto, Eu amo ainda mais as coisas que amás. 'Então ele fez a ablução e pôs-se para a oração. Ele começou a chorar, tanto que suas roupas, sua santa barba e até o chão, onde ele se prostrou estavam molhados.
Durante esse estado, Bilal chegou para chamá-lo à oração; ao vê-lo naquele estado Bilal disse-lhe: 'Ó Mensageiro de Deus,  Allah, o Todo-Poderoso o perdoou, a você todos os seus pecados passados ​​e todos os seus pecados futuros, então porque você está chorando? 'O Profeta lhe respondeu: "Eu não deveria ser um servo agradecido de Deus? Por Deus, hoje à noite desceram para mim os versos (do Alcorão) de peso, de tal forma que se alguém lê-los e não contemplá-lo seria uma grande vergonha. "
Então ele leu este verso:
“ Na criação dos céus e da terra, e na alternancia do dia e da noite há sinais para os sensatos. – Que mencionam Allah, estando em pé, sentados ou deitados, e meditam na criação dos céus e da terra. Dizendo: Ó Senhor nosso, não criaste isso em vão. Glorificado sejas,! Salva-nos do tormento infernal!” (Al Imran, 2:190-191) (Esse dito foi compilado por Ibn Hibbân, II, 386)
Na noite em que esses versículos foram revelados a ele, o Mensageiro de Deus chorou até a manhã de tal forma que até mesmo os céus e as estrelas estavam com inveja dele. Com as bênçãos de Deus Todo-Poderoso as lágrimas dos fiéis tem a certeza de serem os adornos da noite da passagem, à luz da sepultura e as gotas de orvalho dos jardins do Paraíso. alguns meses, dias e noites de tal bênção que são momentos de oportunos para se estar com o Amado. alguns meses de mais valor do que outros. O mês de Rajab é um desses períodos.
Mesmo durante a época pré-islâmica, durante o chamado "período de ignorância", espadas eram mantidos em suas bainhas e a paz reinava durante este mês. Com o advento do Islã, a cortesia e honra durante o mês de Rajab continuou. Este mês sagrado foi agraciado com duas noites abençoadas, a primeira sexta-feira do mês chamado Raghâ'ib e a 27º noite do mês chamada Mi'raj.
Um dos nossos principais deveres deve ser passar essas noites abençoado adornando-se com amor espiritual pelo Profeta (que a paz e as bençãos estejam com ele), porque a afeição do Profeta é a nossa riqueza e felicidade. O sábio que obedecer ao Santo Profeta, com sincero afecto estarão entre os Profetas, os verdadeiros, os mártires, os virtuosos e todos aqueles que alcançaram as bênçãos de Deus Todo-Poderoso.
Que Deus o Todo-Poderoso encha nossos corações com transbordante prosperidade que estes sagrados e esclarecedores dias, noites e meses trazem, e que adornem os nossos corações com carinho para o abençoado Profeta. Que Deus nos dê a alegria de estar entre aqueles que vão acompanhar o Profeta no Dia do Juízo Final, aqueles por quem Ele vai interceder.

Dar ao nosso mundo islâmico prosperidade, conquistas e abundância.
Ó Senhor! Nós somos viajantes a caminho de um lugar de profunda solidão. Faça de nossa fé, como o sol, os nossos companheiros como profetas e virtuosos, e que os nossos jardins da felicidade sejam nossas boas ações!
Ó Deus! Coloque-nos entre aqueles que olham com admiração para o universo e todos os seus fenômenos com a presença de coração! E dar aos nossos corações a bênção de seu comando poderoso: "Leia! "[3]
Amém

Tradutor: Radamés AbdulHakim Rodrigues

O original em inglês se encontra no link:
http://www.sufiwisdom.net/index2.php#sayfa=yillar&MakaleNo=d021s005m1


[1] Ahadiyyat
[2] Samadiyyat
[3] Segundo a tradição islâmica estas foram as primeiras palavras que o Anjo Gabriel (que a paz estejam com ele) disse ao Profeta Muhammed (que a paz e as bênçãos estejam com ele) em seu primeiro encontro na caverna. N.T.